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06 agosto, 2010

Tarde calma na leve subida da rua de paralelepípedos

Ontem tive uma tarde atípica que me fez refletir, reaprender algumas coisas e ter desejo de escrever.
Na quarta feira meu tio avô, Geraldo Diomasio faleceu depois de sofrer bastante na U.T.I. do Hospital Regional, eu estava na faculdade quando recebi a notícia, planejei passar rapidamente no velório ontem.
Não me lembro do tio Geraldo, acho que o vi uma vez, no velório de outro tio meu ainda antes da missão, pois é..., é um erro de família se reunir só nessas horas.
Tive uma tarde com bastantes clientes e quando estava indo para a funerária Prudentina em um dos intervalos vi o carro tocando o cortejo pela rua Rua Marechal Deodoro seguindo para o São João Batista. Eu ainda tinha três clientes para ir e fiquei naquela vou não vou e então as palavras do Presidente Monson me vieram à mente:
“Nunca permita que um compromisso a ser cumprido seja mais importante do que uma pessoa a ser amada”.
Sob esse princípio, não podia deixar de ir e prestar minhas condolências.
Cheguei ao cemitério meio perdido, me senti totalmente deslocado, não conhecia ninguém e com certeza todo mundo me via como um estranho. Senti vergonha por não conhecê-los, não pela situação, mas pela falta de ligação entre nós.
Melhorou quando avistei meu tio Francisco, o Chico, irmão do meu pai. Logo eu estava ajudando uma das minhas tias avós na leve subida da rua de paralelepípedos antigos até o jazigo.
A tarde estava calma, o sol bonito e o ambiente ao redor transmitiam um ar de paz nostálgica, como se estivéssemos parados no tempo, me senti como em um filme.
Quando o caixão foi posto em seu devido lugar e o coveiro começou a erguer os tijolos, ouviam-se choros, gritos, o Pai Nosso, Ave Maria e viam-se muitas lágrimas. Veio-me uma vontade súbita de chorar também, não pelo tio Geraldo (que agora está liberto das inconstâncias do corpo mortal), mas pelas pessoas, pessoas que são minha família, meu sangue e que não conheço. Senti remorso por isso, principalmente por conhecer o Plano de Deus (Na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias aprendemos o que chamamos de O Plano de Salvação, que ensina de onde viemos, porque estamos aqui e para onde vamos). Queria poder dizer que as famílias podem ser eternas, e que esse tempo é apenas um aprendizado, uma experiência e que somos muito mais eternos do que pensamos ou podemos compreender.
Não vou esquecer as expressões tristes e das lágrimas nas faces das crianças, provavelmente netos dele, meus primos de terceiro grau, na verdade eu gostaria de ter tido oportunidade de exprimir meus pensamentos em frases naquela hora.
Desse episódio fica o ensino do Presidente Monson, fica a lição de abrir a boca e prestar testemunho das verdades restauradas e a gratidão, profunda gratidão por conhecer os propósitos de Deus, por saber, realmente saber, não achar ou supor, mas saber exatamente o que nos espera depois, e por isso poder sorrir mais do que chorar quando uma pessoa querida for pelo caminho de toda terra.

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